Monday, November 27, 2006

Lembra-te

Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos
Mário Cesariny

Vermelho sobre azul


Saturday, November 25, 2006

Roald Dahl


"Eu tenho uma paixão por ensinar as crianças a serem leitores, a sentirem-se confortáveis com um livro, e não serem repelidas por ele. Os livros não deviam ser repelentes, deviam ser engraçados, excitantes e maravilhosos. E aprender a ser um leitor traz-nos uma tremenda vantagem. "

"A maior qualidade de um ser humano é a bondade. Todas as outras, como a coragem e a preseverança são secundárias comparadas com essa. "

Quem não conhece a história de "Charlie e a fábrica de chocolate"?

Thursday, November 23, 2006

Conta a lenda que dormia

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino -
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora.
E, inda tonto do que houvera,
à cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
Fernando Pessoa

Coral Biomédicas



Não percam o grande concerto, dia 10 Dezembro!!!

www.casadamusica.com

Calvin & Hobbes


O Clavin é simplesmente genial, não acham? Ou será o Hobbes?

Wednesday, November 22, 2006

O astrónomo e a brisa da noite

"Eu sei que TU estás aí!" - Gitou de novo o astrónomo, sozinho, no meio da noite. O frio entrava-lhe pelas mangas, o pescoço doí-lha de tanto olhar para o céu.
- Sei que estás aí, Deus Antigo, Deus Imenso - sussurrou o astrónomo. Sei que Te moves devagarinho enquanto as estrelas avançam, lenatemente, pela noite. Sei que estendes os teus braços por milhões de anos-luz até ás galáxias distantes. Sei que és muito grande e que brincas com Saturno quando o escondes no horizonte. Sei que no teu jardim plantas constelações feitas de estrelas. Sei da lágrima que choras em cada estrela cadente. Sei que Tu és Antigo, mais Antigo que a própria Terra. (...) Eu sei, mas dá-me um sinal da Tua presença.
Esperou. Mas mais uma vez ninguém respondeu.
Durante cem noites o astrónomo subira a esta colina. Durante cem noites esperara aniosamnete um sinal, um sinal por mais pequeno que fosse de que estava certo e de que os seus colegas estavam errados. (...) Pedia apenas um sinal para si, um sinal que lhe permitisse dormir em paz, apesar das gargalhadas dos outros. Mas passaram-se cem dias e cem noites e o sinal não veio.
Desistiu. Abandonou a brisa, a mesma brisa suave e fria que soprava desde a primeira noite e qe tantas vezes o irritava por não o deixar cncentrar-se.
- Olá - disse uma voz jovem e descontraída.
- Boa noite. - Disse o astrónomo surpreendido. - Não te vi. Como chegaste aqui sem que te sentisse? Perdeste alguma ovelha?
- Estava a ver que te perdia a ti. - Respondeu a voz, a sorrir. - Cem vezes pediste um sinal. Cem vezes te toquei com a minha brisa. creio que hoje te preparavas para não voltar.
- Senhor, Meu Deus! Sois Vós? O Altíssimo? O Deus Antigo? O Deus Imenso?
(Após uma longa conversa, o astrónomo pergunta...)
- Como é que Tu, sendo tão grande te sujeitas a isso?
- Maior grandeza é não se impor. Amar somente, escondido no brilho dos astros, na escuridão da noite, no soprar da vrisa. Chamar sem forçar. Falar ao coração daquele que olha o universo, como quem sussurra, e esperar que me deseje. Como tu, nestes cem dias, nestas cem noites em que me abrsite o teu coração e eu te desejei e tu me desejaste até quase não poder mais.
"Deixei-te até quase não poder mais", concordou o astrónomo, no cimo da colina. Quando abriu os olhos não viu ninguém. Sentiu apenas a brisa da noite que lhe tocava a cara. Mas agora já não tinha frio.
O Príncipe e a Lavadeira
Nuno Tovar de Lemos
Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.

Amor é brando, é doce, e é piedoso.
Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e ainda aos deuses, odioso.

Se males faz Amor em mim se veêm;
Em mim monstrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.

Mas todas suas iras são de Amor;
Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.

Luís de camões